REFLEXÃO
Diz o ditado popular que não damos o devido valor às coisas que temos, até o momento em que as perdemos.
Só ganha valor e significado aquilo que é desejado de verdade. Desejar algo que não se tem e que se quer muito, é tolerar o espaço da falta, é criar expectativas, é sonhar com esse algo, o qual aumenta o desejo e conduz a uma grande satisfação, quando se recebe o que tanto desejou.
O desejo só nasce no espaço da falta. Tenho observado que atualmente, muitas de nossos jovens e crianças não experimentam essa forma de desejar, apenas exigem o que ainda não têm e, sendo rapidamente atendidas, não valorizam o que recebem, que se torna facilmente descartável. Isso é altamente prejudicial ao desenvolvimento.
Quem não tem apego ao que possui, não aprende a lutar pelo que deseja possuir, escreveu José Pastore, economista e sociólogo, em seu artigo “Sobre a Educação”, num grande jornal paulistano, em maio de 2010. O autor mostra que presentear com austeridade tem importantes implicações para as condutas futuras dos jovens e crianças, pois aprender a administrar a escassez na infância e adolescência é fundamental para que eles desenvolvam o necessário espírito de luta na vida adulta e valorizem o que é de uso comum.
O jovem ou criança que tem tudo, tende a não valorizar nada e, portanto, a não se apegar a nada. Apenas aquilo que é conquistado adquire valor e apego. O filho que é indiscriminadamente gratificado, não aprende a fazer trocas afetivas na vida e pode tornar-se um credor eterno dos outros, não sabendo doar-se. Podemos aqui comparar ao aluno que recebe tudo de graça e muitas vezes não valoriza o que tem.
Finalizando, limite na educação é fundamental para que eles saibam que não é centro do universo e que é preciso lutar para se conquistar algo. Quando recebemos tudo sem esforço, não damos valor.
Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a todos os pais, alunos e funcionários da Escola Estadual José Alves Ribeiro.
Jurandir do Nascimento Rocha
